Käffer, M.I./ Martins, S.M.A. 2014: [Abstract:] Liquens como indicadores no monitoramento da qualidade atmosférica. - In: : Livro de Resumos do Sétimo Encontro do Grupo Brasileiro de Liquenólogos. 1. Grupo Brasileiro de Liquenólogos pp. 34-35. [RLL List # 248 / Rec.# 39011] Abstract: Os liquens estão entre os bioindicadores mais sensíveis às emissões atmosféricas e são utilizados em programas de biomonitoramento da qualidade do ar desde o século XIX em países da Europa. No Brasil, especialmente no estado do Rio Grande do Sul (RS), os primeiros estudos iniciaram na década de 70 com o emprego de determinadas espécies para detectar a presença de contaminantes atmosféricos e, posteriormente para avaliar a estrutura da comunidade. Os liquens podem ser afetados por vários fatores, além da poluição atmosférica. A urbanização, industrialização, direção dos ventos, alterações climáticas, variações de temperatura e umidade nos centros urbanos/industriais, o tipo de substrato, composição de macro e micronutrientes e pH superficial da casca das forófitas e a luminosidade podem modificar a estrutura da comunidade. Existem dois tipos de monitoramento utilizados em monitoramento da qualidade do ar empregando os liquens: ativo e passivo. O monitoramento ativo consiste no transplante ou transferência de material biológico, previamente padronizado, de uma área sem influência de poluentes, provenientes de zonas urbanas ou industriais para a área a ser monitorada. Através deste método é possível detectar a presença de poluentes como o dióxido de enxofre (SO2), metais pesados, óxidos de nitrogênio (NOx), fluoretos e os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), sendo este último relatado na literatura pelos efeitos tóxicos, genotóxicos e pela potencialidade carcinogênica. O monitoramento passivo compreende na constatação dos danos nos liquens em campo, através da observação e análise da comunidade local, relacionando estes com as condições do ambiente. A micota liquenizada pode ser avaliada através de informações qualitativas obtidas por meio de listas de espécies ou mapas de distribuição da comunidade, ou empregando métodos quantitativos utilizando cálculos de diferentes índices para estimar a qualidade do ar, como o Índice de Pureza Atmosférica (IPA). Este índice é muito difundido entre pesquisadores da Europa e dos Estados Unidos, onde é possível correlacionar parâmetros de riqueza, cobertura e diversidade da micota liquenizada com a poluição, a urbanização e a industrialização. Em estudo realizado entre os anos de 2011 – 2013 este índice foi adaptado, tendo em vista as diferenças na diversidade de espécies no Hemisfério sul. Para tanto, foi empregado um Fator de Correção à fórmula original do IPA através do Fator de Classificação Ambiental (FCA) utilizando também parâmetros de cobertura dos grupos morfológicos, tornado desta forma, o índice mais sensível. No estado do RS, os trabalhos relacionados com monitoramento da qualidade atmosférica têm como enfoque o emprego de liquens corticícolas visando o licenciamento ambiental. São estudos realizados em indústrias da área do complexo petroquímico, termoelétrico, hidroelétrico e automotivo. Em áreas urbanas, o emprego dos liquens está direcionado para analisar a poluição ocasionada pelo tráfego veicular e/ou poluentes industriais. Destacam-se também estudos realizados em áreas florestais para avaliar a qualidade ambiental destas regiões. Nos estudos realizados em áreas industriais, verificamos a presença de SO2 e metais pesados, principalmente chumbo e zinco nos talos das amostras expostas, além de danos morfofisiológicos e alterações na estrutura da comunidade liquênica em termos de riqueza, diversidade e cobertura das espécies. Na área urbana, as principais causas das modificações da micota liquenizada são relacionadas ao tráfego veicular, a presença de poluentes atmosféricos, a diminuição dos espaços verdes, diferenças microclimáticas, disponibilidade de forófitas adequadas, assim como a antropização das cidades. Os liquens como indicadores da qualidade do ar são ferramentas eficazes para programas de monitoramento, pois permitem associar informações à análise da poluição atmosférica. No entanto, deve-se ter cuidado na avaliação dos dados e obter o maior número de variáveis ambientais, pois tanto as áreas industriais quanto urbanas são altamente complexas, uma vez que diferentes fontes de emissões liberam uma variedade de poluentes tornando-se difícil determinar qual fator pode influenciar as espécies. Deve-se também considerar que o efeito biológico avalia uma mistura de compostos e não apenas a ação de um componente específico.
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